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********** MARLON BRANDO – o INSACIÁVEL




Ele é um dos monstros sagrados da Sétima Arte. Apesar de uma vida pessoal conturbada, a profissional foi um estouro. Considerado pelos críticos (e também pelo público) como um dos grandes atores da história do cinema, revolucionou essa arte com interpretações inovadoras e introspectivas. Ao se mudar para Nova York, ainda muito jovem, MARLON BRANDO (1924 - 2004) matriculou-se no famoso Actor’s Studio. Conservando o espírito rebelde e agressivo da adolescência, tornou-se um dos mais requisitados atores da Broadway, desde a aclamada estreia em “I Remember Mama” (1944). A seguir, interpretou o personagem que o transformou no mito que cultivamos ainda hoje: o rude e sexy Stanley Kowalski de “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennessee Williams.

Durante algum tempo recusou ofertas de Hollywood, mas em 1950 estreou com êxito em “Espíritos Indômitos / The Men”, de Fred Zinnemann, no papel de um soldado paraplégico. Ao seu lado, a ótima Teresa Wright. Marcou época na adaptação cinematográfica de Elia Kazan da peça impactante de Tennessee, “Uma Rua Chamada Pecado”. Recebeu a primeira das quatro indicações consecutivas ao Oscar de Melhor Ator. O longa lançou MARLON BRANDO como símbolo sexual, camiseta branca justa e suada. O mundo inteiro suspirou.

Nos anos seguintes, passou a ser idolatrado como o maior ícone do seu tempo. Seus filmes eram bem recebidos. Reconhecido de imediato pela capacidade original de interpretação, reescreveu as regras da atuação e, com impactante beleza sensual, redefiniu a postura do astro de cinema. Convertido em emblema da rebeldia ao interpretar o líder de um bando de motoqueiros em “O Selvagem / The Wild One” (1953), seu poder de atração diminuiu nos anos 1960 devido à participação em projetos medíocres e à recusa inexplicável em protagonizar excelentes filmes (como os premiados Ben-Hur / Idem, de William Wyler, 1959; e Lawrence da Arábia / Lawrence of Arabia, de David Lean, 1962).

O ator cresceu numa família difícil. Seu pai vendia produtos químicos e era indiferente aos três filhos. Sua mãe foi atriz sem projeção, mas se destacava mesmo por seu gosto pela bebida. Ele costumava buscar a mãe, embriagada, num bar ou adormecida sobre uma mesa. Ela eventualmente passava as noites fora de casa, com outros homens. O exemplo que teve em casa fez dele um homem de pouca consideração com a família. Ele queria ter muitas crianças. Mas nunca foi um pai, um marido. Ele nunca conseguiu amar ninguém. Ele nem amava a si mesmo.

A biografia intitulada “Brando Unzipped” (Brando sem Segredos, em tradução livre, de 2006), escrita por Darwin Porter, apresenta o grande ator como sexualmente insaciável. MARLON BRANDO se casou três vezes, mas acumulou dúzias de casos amorosos. Chamava seu membro de “nobre ferramenta”. De Rock Hudson a Vivien Leigh, de Bette Davis a Cary Grant, de Montgomery Clift a Marilyn Monroe, de Christian Marquand a Ursula Andress, de Ava Gardner a Rita Moreno, ele teve numerosas relações sexuais. Foi pai de pelo menos nove filhos, frutos dos casamentos com mulheres geralmente morenas e exóticas, entre elas a mexicana Movita.

marilyn monroe e brando
Em 1976, o astro assumiu numa entrevista o que até hoje muita gente ainda tem medo de dizer: “Como um grande número de homens, tive muitas experiências homossexuais e não sinto a menor vergonha. Nunca dei muita atenção para o que as pessoas acham de mim”. Ele teve um caso complicado com James Dean. Os dois eram adeptos de práticas sadomasoquistas. Supostamente, MARLON BRANDOse divertia apagando cigarros no corpo do amante. Ele gostava de atormentar o companheiro, a quem via como um mero brinquedo sexual, mas Dean estava completamente apaixonado.

Temperamental, o ator provocou inúmeras confusões. Ao interpretar a peça de Tennessee Williams no teatro, o seu relacionamento com os colegas era tão difícil que um ator substituto – Jack Palance - chegou a socá-lo e quebrar seu nariz. A maneira como tratava os cineastas que não respeitava é um exemplo de sua perversidade. A Henry Koster, diretor de “Désirée, o Amor de Napoleão / Désirée” (1954), no qual interpretou Napoleão Bonaparte, direcionou insultos e chegou a pedir que ele tirasse piolhos de sua cueca. Houve um dia em que o veterano Koster teve que se ajoelhar para convencer MARLON BRANDO a continuar a trabalhar.

Ainda no campo privado, ele teve um papel decisivo na destruição de dois de seus filhos. A taitiana Cheyenne se enforcou aos 25 anos, em 1995, na casa da mãe, Tarita Teriipaia, uma atriz que ele conheceu no set de “O Grande Motim / Mutiny on the Bounty” (1962). Depois, soube-se que ela acusava o pai por supostas relações incestuosas. Já Christian Brando, filho da atriz Anna Kashfi, matou o namorado de Cheyenne com um tiro na casa do pai. Pelo crime, Christian ficou preso entre 1991 e 1996. A tragédia abalou o astro profundamente. Quando estava se recuperando do trauma, sua ex-mulher Cristina Ruíz reabriu um processo litigioso de US$ 100 milhões. Ela afirmou que o ex-marido não cumpriu um acordo de pagar US$ 10 mil mensalmente como pensão para os três filhos do casal, incluindo o autista Timothy, que tinha 10 anos na época.

brando e o primeiro oscar
Indicado sete vezes ao Oscar de Melhor Ator - em 1951, por “Uma Rua Chamada Pecado”; em 1952, “Viva Zapata!”; em 1953, “Júlio César”; em 1954, “Sindicato de Ladrões”; em 1957, “Sayonara / Idem”; em 1972, “O Poderoso Chefão” e em 1973, “O Último Tango em Paris”MARLON BRANDO foi vitorioso duas vezes, pelo retrato de um ex-boxeador fracassado em “Sindicato de Ladrões”, e como o mítico Don Corleone de “O Poderoso Chefão”, marcando a recuperação da carreira então em decadência. Ele recusou o segundo Oscar em protesto contra a situação infame dos índios norte-americanos e o modo como eles eram retratados no cinema hollywoodiano. Em 1989, foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Assassinato sob Custódia / A Dry White Season”.

Todos são fascinados pelo carisma do ator. Mas todos também se impressionam com a forma como sua vida se tornou uma tragédia. Com 20 anos, ele podia ter qualquer mulher ou homem do mundo. Ele podia fazer o que quisesse, e fez. Aí, aos 40, ele começa a perder o interesse por essas coisas. Até o sexo perde importância. Ele começa a achar as pessoas chatas. Ainda assim, nesse desânimo, brilhou em “Último Tango em Paris” (1972), de Bertolucci, em que o próprio ator teve a ideia de dar uma nova função para a manteiga; e em “Apocalypse Now”(1979), de Coppola, rodado quando MARLON BRANDO já vinha num acelerado processo de decadência física. Ele comia sem parar e não gostava de sair de casa.

“Ele tinha o que se pode chamar de combinação perfeita”, afirmou Rod Steiger, co-protagonista de “Sindicato de Ladrões. “Tinha um talento incrível, era um símbolo sexual e se negava a aceitar compromissos. Tornou-se a expressão de uma interpretação verdadeira e realista, que nunca teria existido sem ele”, completou. Obeso, MARLON BRANDOchegou a pesar 160 quilos e viveu seus últimos anos de vida recluso na Polinésia Francesa, paraíso que o encantou durante as filmagens de “O Grande Motim” e onde costumava passar longas temporadas desde que comprou a ilha de Teti'aroa, em 1966.


Aceitando cada vez menos papéis no cinema, recusou personagens como Karl Marx, Pablo Picasso e Theodore Roosevelt. Passava dias no sofá assistindo a séries e filmes antigos de comédia, não recebia mais amigos, não gostava de atender a telefonemas. Ele era apenas uma lembrança, obscura e melancólica, de quem foi MARLON BRANDO. Morreu em 2004, aos 80 anos, vítima de insuficiência pulmonar aguda. Nunca houve um ator como ele. Quando o vemos na tela há um magnetismo imenso que não deixa outra opção a não ser amá-lo. Mas, ao mesmo tempo, ele foi uma figura odiosa que destruiu tudo: seu talento, sua carreira, sua família e sua vida.



Os 10 MELHORES FILMES de BRANDO
(por ordem de preferência)

01
O PODEROSO CHEFÃO
(The Godfather, 1972)
direção de Francis Ford Coppola
Com Al Pacino, James Caan, Robert Duvall e
Sterling Hayden

Patriarca de poderosa família mafiosa de Nova York espera passar os negócios para um dos filhos, recém-chegado da Segunda Guerra. O rapaz tem outros planos, mas se vê forçado a assumir o império familiar ilegal quando o pai é quase morto por gângsteres rivais.
Oscar de Melhor Ator
Globo de Ouro de Melhor Ator
Melhor Ator do Círculo dos Críticos de Cinema de Kansas City

02
SINDICATO de LADRÕES
(On the Waterfront, 1954)
direção de Elia Kazan
Com Karl Malden, Lee J. Cobb, Rod Steiger
e Eva Marie Saint

Chefão de sindicato manipula um ingênuo ex-boxeador para ser cúmplice na morte de um delator. O assassinato coloca os trabalhadores do local em estado de tensão permanente e leva o rapaz a sofrer com o remorso de ter ajudado a levar um grevista inocente à morte.
Oscar de Melhor Ator
BAFTA de Melhor Ator Estrangeiro
Globo de Ouro de Melhor Ator
Melhor Ator do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York

03
Uma RUA CHAMADA PECADO
(A Streetcar Named Desire, 1951)
direção de Elia Kazan
Com Vivien Leigh, Kim Hunter e Karl Malden

Mulher frágil e neurótica visita sua irmã grávida em Nova Orleans, em busca também de uma moradia. Sua chegada afetará a vida da irmã, do cunhado e sua própria vida.

04
ÚLTIMO TANGO em PARIS
(Ultimo Tango a Parigi, 1972)
direção de Bernardo Bertolucci
Com Maria Schneider, Jean-Pierre Léaud
e Massimo Girotti

Enquanto procura por um apartamento, francesa encontra norte-americano cuja esposa se suicidou recentemente. Começam uma apaixonada e tórrida história de desejo e sexo, apesar de nem revelarem seus nomes um para o outro. Essa relação ameaça a vida de ambos.
Melhor Ator do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York
Melhor Ator da Associação Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA

05
APOCALIPSE NOW
(Idem, 1979)
direção de Francis Ford Coppola
Com Martin Sheen, Robert Duvall e Harrison Ford
Esgotado pela guerra do Vietnã, capitão é mandado de volta à selva para encontrar e matar coronel que teria enlouquecido e montado um exército próprio. À medida que entra na floresta, ele é tomado pelos seus encantos e pela insanidade da batalha que o cerca. Um a um, os membros de sua tripulação são mortos, enquanto o capitão lentamente se torna mais e mais parecido com o homem que deveria matar.

06
Os PECADOS de TODOS NÓS
(Reflections in a Golden Eye, 1967)
direção de John Huston
Com Elizabeth Taylor, Brian Keith e Julie Harris

Major vê sua carreira em franca decadência após o término da 2ª Guerra Mundial. Seus problemas militares e seus desejos homossexuais ocultos terminam influenciando também seu casamento, que vive uma crise acompanhada atentamente por um casal de vizinhos e um estranho recruta que nutre uma paixão platônica por sua esposa.

07
VIVA ZAPATA!
(Idem, 1952)
direção de Elia Kazan
Com Jean Peters, Anthony Quinn e Mildred Dunnock

Um grupo de lavradores procura o presidente do México afirmando que suas terras foram roubadas. Entre eles está Zapata, que se torna guerrilheiro, passando a ter grande importância na vida política do país.
BAFTA de Melhor Ator Estrangeiro
Melhor Ator no Festival de Cannes

08
A FACE OCULTA
(One-Eyed Jacks, 1961)
direção de Marlon Brando
Com Karl Malden, Katy Jurado e Ben Johnson

Traído por companheiro, depois de terem assaltado um banco mexicano, jovem bandido acaba na prisão. Anos mais tarde, vai à procura do traidor, sedento de ódio e vingança.

09
DUELO de GIGANTES
(The Missouri Beaks, 1976)
direção de Arthur Penn
Com Jack Nicholson e Randy Quaid

Rancheiro que se fez na vida sozinho, transformando uma vasta e seca terra em um império de prosperidade, é ameaçado por um impiedoso ladrão de cavalos. Tentando fazer justiça com seus próprios meios, contrata um sádico pistoleiro para caçar o fora-da-lei.

10
JÚLIO CÉSAR
(Julius Caesar, 1953)
direção de Joseph L. Mankiewicz
Com James Mason, John Gielgud, Edmond O’Brien,
Greer Garson e Deborah Kerr

General é assassinado, vítima de conspiração para tomar o poder do Império Romano.
BAFTA de Melhor Ator Estrangeiro

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